Porque incrível ?????
Lá as pessoas tem uma receptividade fora do comum e te recebem de braços abertos e o contato com a natureza e de tirar o folego e lavar a alma!!!!
Saímos
de Araçatuba no dia 05/02/2016 em um voo com destino a Navegantes. Pois é, de
Araçatuba a Timbó – ponto inicial do circuito - são 876 km. Chegar lá de carro
seria loucura, precisávamos estar inteiros para encarar 7 dias de pedal . Então o jeito foi encarar um voo e levar as bikes
no avião.
Como
não há uma regra padrão para todas as empresas com relação ao transporte de
bikes, liguei diretamente à Azul Linhas Aéreas e me informei a respeito de
transporte das bicicletas antes de comprar os bilhetes. A única referencia
feita foi sobre o peso. Não poderia ultrapassar 23 kg de bagagem. Pode-se
despachar mais de um volume, desde que o peso total não exceda esse limite.
Além disso, artigos esportivos são
inclusos nesses limites. Então pronto!!!!! Elas pesam menos que isso.
Também
há varias opções para embalar as magrelas, existem malas específicas para o
transporte. Temos uma de lona usada em uma viagem anterior, mas dessa vez
decidimos levar as bikes em caixas de papelão que geralmente são jogadas fora
pelas bicicletarias. Não tem segredo,
protege muito bem e, não custa nada. Os pedais foram removidos e embalados,
o guidão virado paralelo ao quadro e com as extremidades embaladas, e a roda
dianteira removida e afixada no quadro de modo que não se solte e finalmente
colocadas nas caixas.
No
check-in foi tudo tranquilo, receberam as caixas com as bikes normalmente. Não
paguei nenhuma taxa extra (muito bom
economizar para a próxima viagem !!!).
Chegando
a Navegantes, encontramos com o Laercio Schaefer. Havíamos combinado com ele o
transfer do aeroporto até o Hotel em Timbó. Do aeroporto de Navegantes até
Timbó são 77 Km – uma hora e meia até chegarmos lá.
Ficamos
no Timbó Park Hotel (tel.47 3281
0700). Chegamos, desembalamos as bikes, conferimos tudo - elas
chegaram inteiras sem nenhum arranhão. Depois fomos ao restaurante Tapioka,
onde depois de assinarmos um termo de responsabilidade, retiramos os passaportes para serem carimbados em cada localidade
que passássemos. Com esse passaporte no final do circuito receberíamos um
certificado de conclusão.
guia do circuito e passaporte
PRONTOS Para o Circuito do Vale
Europeu
|
O
roteiro foi uma proposta do Clube de Cicloturismo (www.clubedecicloturismo.com.br),
que existe há 15 anos no Brasil. A proposta foi feita e aceita imediatamente,
houve uma adesão unânime dos municípios: Timbó,
Pomerode, Indaial, Ascurra, Rodeio, Dr. Pedrinho, Rio dos Cedros, Benedito Novo
e Apiúna.
Na época (2006) foi um grande desafio para os idealizadores do circuito. Pouco se sabia sobre as estradas, estrutura e atrativos dos lugares. Foi então que Rodrigo Telles e Eliana Britto Garcia realizaram um minucioso trabalho de mapeamento em toda a região, traçaram a rota, criaram um guia com planilhas e todas as informações.
Para os idealizadores do projeto era importante existir no Brasil roteiros preparados para ciclistas, assim como é lá fora. Um dos exemplos é o Caminho de Santiago de Compostela ou Via Cláudia Augusta, só para citar alguns famosos na Europa. Eles e todos que apoiaram a ideia deixaram um legado inestimável para nós que adoramos viajar e pedalar.
No nosso circuito Europeu são 300km de estradas de terra tranquilas e lindas passando por pequenas cidades e vilarejos que tiveram origem na colonização europeia. É muito bem sinalizado e com infraestrutura de hospedagem entre os trechos. E outra coisa legal desse circuito é que a maior parte dele – 90% do trajeto - é feita em estradas de chão batido. São estradinhas que vão ligando as cidades pelo interior.
Assim se evita o asfalto e se aproveita muito mais a natureza, como a Cachoeira do Baú. São 35 metros de queda livre. A região toda é conhecida como o Vale das Cachoeiras. São centenas delas. Ninguém sabe ao certo quantas cachoeiras existem na região.
A viagem no circuito pode ser planejada e executada por cada viajante da maneira que lhe for mais conveniente, podendo ser dividido em 2 partes – baixa e alta. Recomenda-se reservar 3 dias para pedalar a parte baixa e 4 dias para a parte alta mas são sugeridos sete dias (ou mais) para que se desfrute o máximo possível do caminho.
A dificuldade de cada etapa é dada pelo guia oficial, em uma escala de um a cinco. A maioria das etapas fica entre três e cinco, isso já dá uma ideia que este roteiro não é para iniciantes. Em todos os dias há fortes ascensões, mas é claro que sempre é possível empurrar a bike nas subidas.
Nós seguimos exatamente o que foi sugerido no site www.clubedecicloturismo.com.br. Fizemos os 300 Km em 7 dias e uma média de 42 Km/dia.
Como era feriado de carnaval fizemos todas as reservas de hotéis antecipadamente.
Na época (2006) foi um grande desafio para os idealizadores do circuito. Pouco se sabia sobre as estradas, estrutura e atrativos dos lugares. Foi então que Rodrigo Telles e Eliana Britto Garcia realizaram um minucioso trabalho de mapeamento em toda a região, traçaram a rota, criaram um guia com planilhas e todas as informações.
Para os idealizadores do projeto era importante existir no Brasil roteiros preparados para ciclistas, assim como é lá fora. Um dos exemplos é o Caminho de Santiago de Compostela ou Via Cláudia Augusta, só para citar alguns famosos na Europa. Eles e todos que apoiaram a ideia deixaram um legado inestimável para nós que adoramos viajar e pedalar.
No nosso circuito Europeu são 300km de estradas de terra tranquilas e lindas passando por pequenas cidades e vilarejos que tiveram origem na colonização europeia. É muito bem sinalizado e com infraestrutura de hospedagem entre os trechos. E outra coisa legal desse circuito é que a maior parte dele – 90% do trajeto - é feita em estradas de chão batido. São estradinhas que vão ligando as cidades pelo interior.
Assim se evita o asfalto e se aproveita muito mais a natureza, como a Cachoeira do Baú. São 35 metros de queda livre. A região toda é conhecida como o Vale das Cachoeiras. São centenas delas. Ninguém sabe ao certo quantas cachoeiras existem na região.
A viagem no circuito pode ser planejada e executada por cada viajante da maneira que lhe for mais conveniente, podendo ser dividido em 2 partes – baixa e alta. Recomenda-se reservar 3 dias para pedalar a parte baixa e 4 dias para a parte alta mas são sugeridos sete dias (ou mais) para que se desfrute o máximo possível do caminho.
A dificuldade de cada etapa é dada pelo guia oficial, em uma escala de um a cinco. A maioria das etapas fica entre três e cinco, isso já dá uma ideia que este roteiro não é para iniciantes. Em todos os dias há fortes ascensões, mas é claro que sempre é possível empurrar a bike nas subidas.
Nós seguimos exatamente o que foi sugerido no site www.clubedecicloturismo.com.br. Fizemos os 300 Km em 7 dias e uma média de 42 Km/dia.
Como era feriado de carnaval fizemos todas as reservas de hotéis antecipadamente.
Nossa pedalada
1º
DIA - TIMBÓ A POMERODE
DISTÂNCIA TOTAL: 46 KM
ASCENÇÃO TOTAL: 510 METROS
DISTÂNCIA TOTAL: 46 KM
ASCENÇÃO TOTAL: 510 METROS
link do mapa
O hotel
Park do Timbó oferece para os ciclistas um lanche para ser levado no percurso.
Então pegamos nossos lanchinhos, passaporte, bicicletas prontas,
alforjes instalados, foto da largada e lá fomos nós, rumo a mais uma grande
aventura, confiantes e cheios de expectativas.
Saímos do restaurante Tapioka, o
marco zero do circuito em direção a Pomerode bem cedo. Com um dia de sol e
temperatura agradável.Nos primeiros quilômetros, o chão é de paralelepípedos e
asfalto, depois, terra batida e uma paisagem encantadora, estrada rural, cheiro
de mato, muitos pássaros, flores, tudo que a gente gosta! Tudo indicava que
teríamos um dia muito prazeroso.
A viagem foi tranquila, passamos por Rio dos Cedros e atravessamos um morro, passando pela localidade de Rio Ada para finalmente chegar a Pomerode. A subida deste morro, antes de chegar ao Rio Ada, foi o maior desafio físico do dia, mas o visual lá de cima e a mata atlântica que cobre o percurso compensam de longe o esforço.
Com
a sinalização, que é feita por placas, totens ou setas amarelas juntamente com
as planilhas de orientação, foi muito fácil aproveitar ao máximo tudo que o
caminho tinha para oferecer.
Visitamos algumas igrejinhas que encontramos no caminho.
Capela Nossa Senhora da Gloria -1948 |
Já
quase chegando a Pomerode, passamos pela
Rota Enxaimel - com muitas construções do
estilo enxaimel, uma técnica de construção que consiste em paredes montadas com
hastes de madeira montadas em posições verticais, inclinadas ou horizontais.
Várias delas estão identificadas com plaquinhas, que trazem um pouco da
história da edificação.
Falou sobre a história da
família, por meio de um banner que mostra a árvore genealógica.Também contou
que tudo "girava" em torno da produção de milho, a qual Rogério
explana com uma ilustração que mostra o quanto esse cereal era importante.
"Se havia milho, a sobrevivência estava garantida, pois todas as outras coisas
dependiam dele. Como a sua colheita se dava no início de janeiro, o ano estava
atrelado a uma boa produção. Não havia comércio ou agropecuária para comprar
farelo ou carolo, tudo era produzido por meio do milho", enfatiza.
Ele
também nos mostrou uma bike Durkopp alemã da década de 50 - linda!!!! Segundo
ele, era com ela que o pai ia se encontrar com a mãe quando eles namoravam.
Foi uma verdadeira viagem ao passado. Deixamos a família e seguimos pedalando. Se não tivesse um percurso para cumprir ficaríamos lá o dia todo.
Foi uma verdadeira viagem ao passado. Deixamos a família e seguimos pedalando. Se não tivesse um percurso para cumprir ficaríamos lá o dia todo.
Damasco -colhido para nós |
Chegamos
a Pomerode, na Pousada Max (tel.47
3387 3070) no fim da tarde, tomamos banho, nos acomodamos e fomos direto para a
rua explorar um pouco a cidade.
Nossa parada foi na cervejaria Schornstein
Kneipe localizada
em um charmoso prédio tombado pelo patrimônio histórico e que tem uma imponente
chaminé de 30 metros de altura feita de tijolos maciços artesanais. Daí vem à
origem do nome Schornstein, que, em alemão, significa chaminé. É uma das
atrações da cidade mais alemã do Brasil (como Pomerode é conhecida)
Ali
encerramos o dia!
2º
DIA – POMERODE A INDAIAL
DISTÂNCIA
TOTAL: 41 KM
ASCENÇÃO TOTAL: 520 M
Saímos bem cedo de Pomerode, e logo passamos pelos bairros de Wunderwald e da Mulde (no município de Timbó).
O
bairro de Wunderwald, no início do trajeto, é muito bonito. Foi lá que
encontramos o Cemitério dos Imigrantes
- são
aproximadamente 80 túmulos e para muitos o tempo foi cruel com as lápides que
estão bem deterioradas. O túmulo mais antigo data de 1898, 61 anos antes da
emancipação do município. O Cemitério parou de receber
sepultamentos por volta da década de 1950 e desde então passou a ser motivo de
constante preocupação da comunidade para que as memórias dos que foram
sepultados naquele lugar fossem preservadas. Para manter a tradição e história
do local, há um projeto de revitalização. Esperamos que o projeto se
concretize, afinal são 124 anos de historia submerso no verde do mato que não
para de crescer.
Cemitério dos Emigrantes envolto em neblina da manhã |
Lapide de 1933 |
Seguimos
pedalando por estradinhas de interior, casas antigas, quase todas em estilo
alemão e muito bem cuidadas, mesmo sendo simples. Encontramos pelo percurso
todo pessoas cuidando dos seus jardins. Realmente a colonização faz a
diferença.
Logo
perto de Indaial vimos muitos macacos Bugio, descobrimos depois que na cidade existe
um projeto - Projeto Bugio -,uma
espécie de refúgio para esses bichos, além de ser um centro de estudos que
atrai pesquisadores de todo o Brasil que querem saber mais desses macacos
considerados “anjos da guarda” (segundo especialistas se uma epidemia acontece
eles são os primeiros a morrer).
O objetivo do projeto
também é sensibilizar a comunidade regional quanto à importância da conservação
desta espécie de primata; e capacitar estudantes e profissionais interessados
em desenvolverem estudos na área de primatologia, biologia e medicina da conservação.
Na
medida em que a estrada subia o morro, ficavam para trás as casinhas e aparecem
os riachos e muitas árvores.
Tivemos duas subidas longas no dia, mas não tão íngremes como a do dia anterior e com trechos planos intercalados.
Nesse trecho também é possível fazer um desvio para visitar o Morro Azul (dizem que a vista do morro é fantástica). Para chegar lá é necessário desviar alguns quilômetros do percurso (cerca de 7km de ida e outros 7km de volta, pelo mesmo caminho) e encarar uma longa e forte subida, sendo que no último trecho é necessário deixar a bicicleta e subir a pé. Não encaramos, a subida do Rio Ada do dia anterior ainda repercutia na memoria.
Nesse trecho também é possível fazer um desvio para visitar o Morro Azul (dizem que a vista do morro é fantástica). Para chegar lá é necessário desviar alguns quilômetros do percurso (cerca de 7km de ida e outros 7km de volta, pelo mesmo caminho) e encarar uma longa e forte subida, sendo que no último trecho é necessário deixar a bicicleta e subir a pé. Não encaramos, a subida do Rio Ada do dia anterior ainda repercutia na memoria.
Seguimos até encontrar a BR470 ponto onde deveríamos cruzar a estrada para seguir pedalando. Com tráfego muito intenso de carros e caminhões, que exige o máximo cuidado, decidimos seguir pelo acostamento até encontrarmos um retorno seguro. Cruzamos a BR-470, fazendo o último trecho do trajeto, ainda em estrada de chão.
Passamos ao lado do enorme rio Itajaí-Açu, com sua força batendo nas pedras ao longo da via.
Em
Indaial cruzamos a ponte dos Arcos e seguimos para o Hotel Fink (tel.47 3333 3703). Fomos
muito bem recebidos, o hotel é muito agradável e é possível lavar roupas. A
proprietária oferece sua maquina de lavar roupa.
3º DIA - INDAIAL A RODEIO
DISTÂNCIA
TOTAL: 28 KM
ASCENÇÃO
TOTAL : 170 M
Iniciamos
o nosso terceiro dia pedal. Este foi um dia com a distância mais curta - 26km.
Como era o dia mais fácil do trajeto, plano e com baixa quilometragem, não nos
preocupamos com o horário de chegada.
A
principal atração deste dia foi a Ponte
Pênsil Warnow, logo no quilômetro 8,7 à esquerda, num desvio de 700m. Há
na estrada uma placa indicando o local. A ponte é realmente impressionante! Dá
para ver que ela foi feita há bastante tempo atrás (segundo um morador local na
década de 40). Ela é feita de madeira e cabos de aço, é muito estreita com
passagem para um carro por vez, um semáforo indica o fluxo dos veículos. Não é
necessário cruzar a ponte para continuar no circuito, mas nós nos divertimos
bastante travessando ( indo e vindo) de bicicleta e a vista do rio é muito bonita. Na ponte
aproveitamos para tirar várias fotos e interagir com outros ciclistas que lá
estavam.
Uma
das coisas fantásticas de uma viagem são
os encontros que ela nos proporciona. Encontramos um grupo de ciclistas de
Campo Mourão (PR), eles estavam em três pessoas (Chris, Andrea e Edu) e acampando quando não conseguiam hospedagem e um grupo de 17 pessoas (15 do
Recife, 1 de Pernambuco e outra de Caruaru) eles estavam com assessoria de
agencia de viagem e carro de apoio.
O
dia continuou lindo, com céu de brigadeiro, em todo o trajeto. Uma constante no
circuito foi às plantações de arroz. A partir de Indaial vimos varias. Segundo
as pessoas com quem conversei, leva-se, em média, quatro meses do plantio até a
colheita.
As
pessoas da região são muito simpáticas e receptivas. É muito interessante
interagir com pessoas de cultura e hábitos diferentes dos nossos e sentir as
nuances de cada um. O ritmo de vida é diferente e as perspectivas da vida
também.
Passamos
por Ascurra, cidadezinha pequena e
simpática, que liga Indaial a Rodeio.
A Igreja Matriz de Ascurra foi inaugurada em 1912 depois de conflitos entre os padres Salesianos e Franciscanos. A sua arquitetura é preservada desde a sua construção, que iniciou em 1907.
Seguimos até Rodeio e paramos na prefeitura, onde havia a placa de conclusão do terceiro dia. Entramos carimbamos o passaporte do circuito.
Como
era cedo fomos ate um restaurante para o almoço e de lá seguimos para a Pousada Cama & Café Stolf ( tel:47
3384 1498), onde fomos recebidos pela família da D. Irene e o Sr. Dandi.
Quando
chegamos nossos quartos não estavam disponíveis então Sr. Dandi – muito gentil
e simpático – sugeriu que visitássemos a cachoeira Cascata “O Salto” – próximo a 2 km dali, ate que os quartos
ficassem prontos. O grupo de Campo Mourão chegou e consegui hospedagem na pousada, mas só a Chris decidiu nos acompanhar. Deixamos os
alforjes e seguimos de bike. Foi um presente; o calor estava intenso. Passamos
à tarde lá.
Quando voltamos nosso quarto estava pronto e a Dona Irene nos ofereceu a maquina de lavar roupa. Acomodamo-nos e depois fomos explorar a pequena cidade.
A noite o Sr. Dandi nos levou de carro para o Restaurante Rei das Trutas, ele foi muito gentil, então convidamos para que ele jantasse com a gente.
Foi uma ótima companhia, ele nos contou muito sobre o circuito e todo o envolvimento dele e da família com o projeto e também falou sobre as culturas e tradições dos colonos. Tomamos vinho, uma truta deliciosa e um bom papo. Nada melhor para encerrar o dia.
4º DIA - RODEIO A DOUTOR PEDRINHO
DISTÂNCIA TOTAL: 48 KM
ASCENÇÃO TOTAL: 1120 M
Pela
manhã encontramos o grupo de Campo Mourão para o café, quando chegamos à
cozinha D. Irene já tinha tudo pronto só pra nós, inclusive pães de queijo
saindo do forno. Enquanto comíamos o Sr. Dandi disse que devido à longa subida
que encararíamos já no começo, era bom não levar muita água na saída, que
levássemos apenas a quantidade para a subida
de 8 km e que chegando ao topo teria um bica d’água onde poderíamos nos
abastecer com segurança, evitando carregar morro acima um peso desnecessário já
no começo. Ótima dica!
Grupo de Campo Mourão (PR) Andrea, Edu e Chris |
Dona Irena e Sr. Dandi |
Iniciamos
a subida para a parte alta do Circuito,
sozinhos - gostamos de sair cedo. Já o grupo de Campo Mourão
seguiria mais tarde.
Estávamos preparados para o dia mais puxado, muita ascensão, são 1.120 metros. Este é o trecho com a
mais longa subida de todo o Circuito. Boa parte dessa subida é sombreada pela
mata.
A
sinalização de inicio do percurso começava a uns 500 metros do hotel, já com o
início da subida do morro do Ipiranga. São
8 quilômetros ininterruptos até o final. A paisagem muito bonita ajudou.
Além disso, lá pela metade da subida, encontramos “O Pequeno Paraiso“.
Vimos uma casa, logo ao lado do Cristo então eu perguntei para um garoto que lá estava se ele sabia quem era o responsável pelo lugar e ele me mostrou uma casa.
Fui
até lá e um senhor simpático veio nos receber. Perguntei se ele era o responsável
por aquele paraíso, o que ele confirmou. Seu Paulo Notari tem 86
anos. É agricultor. Homem de muita fé. “A primeira coisa que Deus fez foi os anjos
e a segunda fomos nós. Então aqui é um pequeno paraíso da minha cabeça”,
conta. Ele ficou acamado por um tempo e durante esse período leu a bíblia
varias vezes. Ele nos convidou a entrar e nos mostrou uma mesa em forma de roda
d’água, com um tampo de vidro e um presépio dentro que ele havia construído.
Mostrou também uma maquete de um portal que deseja colocar ali. Segundo ele o
portal terá 10 metros de altura e será a “porta
do Céu”. A fé que ele tem impressiona.
Sr. Paulo Notari e D. Ana |
Foi
ele quem plantou todas as hortênsias que envolvem a estrada do Ipiranga, depois
resolveu fazer o Cristo Redentor e por fim colocou mais de 60 anjos, ao longo
do caminho, para protegê-lo e agradecer. Senhor muito simpático, casado com
Dona Ana, que foi a primeira mulher a descer o Ipiranga de bicicleta, a muitos
anos atrás. Passamos mais de uma hora escutando as suas histórias e projetos.
Saímos
de lá e notamos que passava de duas horas desde que saímos do hotel e não
havíamos andando nem 10 quilômetros. Nesse momento chegou o grupo de Campo
Mourão e a partir dali seguimos juntos.
Grupo de Campo Mourão nos alcançou... e daqui seguimos juntos |
As
casas, mesmo nesse trajeto remoto, continuavam muito bonitas e convidativas. Paramos
em uma delas para pedir água e fomos muito bem recebidos.
De
repente o sol deu lugar a algumas nuvens negras e começou a chover e por
incrível que pareça estávamos em frente de uma pequena igreja ( N.S. de
Lourdes).
Tínhamos lugar para nos abrigar. E como o pessoal estava preparado para camping,
eles tinham todo o equipamento para fazer um almoço e nos convidou.
Nosso cozinheiro foi o Edu, uma pessoa muito gentil. Para ele estar ali fazendo o percurso, tinha um significado muito especial - ele havia superado um câncer ósseo no joelho. Foi fantástico!!!!Um exemplo de superação. Com certeza aprendemos muito nessas poucas horas de convívio.
E a chuva durou o tempo do almoço.
O
sol logo apareceu, e seguimos. Caminho lindo, paisagens de tirar o fôlego e
muito calor! Mas a grande subida do dia estava vencida.
Alguns
quilômetros mais adiante, encontramos uma bifurcação e o desvio para a famosa
Cachoeira do Zinco. Apesar de altamente recomendável visitar a a cachoeira, de
mais de 70m, e apreciar a vista para o vale, que é fantástica - nós não encaramos e grupo de Campo Mourão também não. Seria necessário dormir
lá, uma vez que são 8 km de ida, dos quais dois de subida (200m de desnível). Nos
não tínhamos essa opção e ir e voltar (16km com subida forte) estava fora de
cogitação.
Então
continuamos, a estrada seguiu em boa parte plana, acompanhando um rio, mas
ainda havia algumas subidas bastante íngremes. Bem próximo à estrada vimos uma
Igreja construída no estilo Enxaimel, segundo o morador local a única do Brasil
– Para chegar ate a Igreja era necessário um desvio do percurso ate chegar ao
morro onde ela estava.
Então
nós e a Chris decidimos ir visita-la e a Andreia e o Edu seguiram sozinhos. Pena
que ela não estava aberta, gostaríamos de ter entrado. Interessante que ela é
Luterana, assim como a maioria das igrejas que vimos pelo caminho. Outra coisa
que notamos foi que em de quase toda a região há cemitérios ao lado das
igrejas. Coisas que não vemos mais hoje em dia. A vista lá de cima é realmente
de tirar o folego.
Bem
perto dali, uns vinte minutos mais a frente, uma bela cachoeira, ao lado da
estrada, nos fez parar mais uma vez para tirar diversas fotos.
Este trajeto, além de bonito, foi muito bem pensado, a planilha manda você entrar em estradinhas pequenas, estreitas e muito mais bonitas ainda que a anterior: maravilhoso!
Este trajeto, além de bonito, foi muito bem pensado, a planilha manda você entrar em estradinhas pequenas, estreitas e muito mais bonitas ainda que a anterior: maravilhoso!
Lá
pelas 17h chegamos à última subida grande do trajeto. Estávamos perto de Doutor
Pedrinho e várias plantações de arroz denunciavam de onde vinha o sustento da
maioria da população.
De novo nos despedimos do grupo de Campo Mourão ( na esperança de reencontrá-los, pois tivemos um dia agradável na companhia deles), eles não conseguiram reservas no hotel onde ficaríamos – a Bella Pousada ( Tef.47-33880354)
Chegamos à Pousada no fim da tarde e encontramos o grupo de 17, uma galera bastante animada. Tivemos um ótimo jantar, acompanhado de vinho e muito bom papo. Fomos dormir felizes, com mais um pedal com grande altimetria nos esperando no dia seguinte!
5ºDIA– DOUTOR
PEDRINHO A ALTO DOS CEDROS
DISTÂNCIA TOTAL:
43 KM
ASCENSÃO
TOTAL: 860 M
http://cicloturismo.circuitovaleeuropeu.com.br/roteiros/5-doutor-pedrinho-alto-cedro/ |
Tomamos
um ótimo café da manhã na Bella Pousada e partimos bem cedo para mais um dia de
pedal. Logo na saída, a menos de 200 metros da pousada, o trajeto parece ser
mais plano neste dia, mas é só impressão. Com ascensão de 860 metros, ele está
cheio de descidas e subidas. Nada muito longo, mas algo constante, ao longo de
todo o pedal. Já ao sair de Doutor Pedrinho, encontramos um trecho da estrada
em reforma com um fluxo de caminhão muito intenso, o que atrapalhou um pouco.
Mas
fomos seguindo as placas amarelas e antes
de começar a subir, vimos uma indicação para a Cachoeira Véu da Noiva, alcançada por trilha pela mata. Como
havia muito barro (havia chovido forte na noite anterior) a trilha estava muito
difícil, então deixamos a bike em um ponto e seguimos a pé. Foi uma ótima
oportunidade para observar a diversidade da vegetação local. A cachoeira é
realmente muito bonita. Valeu a pena fazer esse pequeno desvio!
Já
no alto da serra a estradinha vai diminuindo de tamanho até se tornar um
gramado verde rodeado por araucárias. No final do percurso a estrada encontra a
represa, trazendo um novo e belo visual, e também uma estrada mais plana.
Havíamos
combinado com o Sr. Raulino – proprietário da pousada onde passaríamos a noite
– um local e o horário (15hs) para que ele nos encontrasse. Chegamos ao local e
não vimos ninguém, ficamos preocupados, pois estávamos bem atrasados. Foi
quando surgiu um morador local e nos disse que o Sr. Raulino estaria um pouco
mais a frente, a beira da represa. Pois é, lá estava ele com um pequeno bote.
Iriamos atravessar de bote !!!! Colocamos as magrelas no bote e fomos. Foi
divertido.
Alto
Cedros é um local de férias. Uma represa repleta de casas de veraneio em toda a
sua extensão. O Raulino é uma espécie de zelador dos moradores e aluga as casas
fora de temporada. Ficamos numa casa simples, mas muito acolhedora. Estávamos
alojados quando chegou o grupo de Campo Mourão, a união de todos, embaixo do
mesmo teto, foi muito legal.
Casa do Sr Raulino |
Dormirmos
cedo. O próximo dia seria mais um pedal pela parte alta do circuito.
6º DIA - ALTO DOS CEDROS A PALMEIRAS
DISTÂNCIA TOTAL: 41 KM
ASCESÃO TOTAL: 840 M.
Tomamos
o café da manhã na varanda da casa do Raulino, nosso anfitrião. Pães, bolos,
sucos e tortas, tudo feito pela sua família. Um autêntico café da manhã rural!
Ali
o Sr. Raulino aproveitou para carimbar os passaportes e contar um pouco de suas
histórias. Ele nos ofereceu alguns sanduíches para levarmos. Saímos cedo como
programado, sem o grupo de Campo Mourão. A neblina era intensa e do barco quase não se
via a represa. Chegamos à beira da estrada e nos despedimos do e Sr. Raulino.
A neblina nos acompanhou por um bom tempo.
Ele estava na varanda e quando nos viu nos convidou para entrar. Foi demais ouvir sua historia de vida, ver seus instrumentos, seus LPs antigos e o cuidado com o seu pequeno espaço. Foi um privilégio, ele ficou muito feliz com a nossa visita e nos deixou mais feliz ainda. Quando saímos, ele nos disse “vou continuar a tocando até vocês terminarem essa subida”. Foi uma interação incrível!!!
Neste
dia o caminho contornou as duas represas passando por uma das regiões mais
belas de todo o Circuito. À medida que a estrada se afastava um pouco da
represa, começava a subir bastante, surgindo uma paisagem maravilhosa, de um
extenso tapete verde de mata atlântica e alguns paredões de rocha.
Fizemos
uma parada em frente à fazenda Custodio Bona para um lanche. O Sr. Bona
apareceu e foi muito gentil, contou um pouco da sua historia e como ele conduz
as pedreiras ali. Disse que se quiséssemos poderíamos entrar. Agradecemos e
seguimos pedalando.
No
caminho vimos uma placa grande escrito cachoeira fixada em uma porteira
fechada. Ficamos na duvida se podíamos entrar ou não. Mas resolvemos arriscar,
abrimos a porteira e entramos. Foi uma decisão acertada o lugar é incrível! O
responsável pela propriedade nos recebeu muito bem e nos disse " deixo a porteira fechada ,mas é só abrir e entrar" Comprou 10 reais a entrada. Ficamos tranquilos e pensamos "que bom, não invadimos uma propriedade privada" )
Seguimos
pedalando até achar a pousada que tínhamos reservado – Cama e café Vitorino (tel.47 3057 5637) Mais uma vez fomos muito
bem recebidos, por um simpático casal - Sr. Otávio e Dona Irene - assim que chegamos
eles nos serviram um belo lanche e sucos e, ainda o Sr. Otávio se ofereceu para
lavar nossas bikes.
Quando
cheguei à pousada dei por falta do meu óculo e fiz um comentário a respeito,
disse que provavelmente teria deixado na Fazendo do Sr. Bona, pois é o Sr. Otávio ouviu e pediu ao seu ao filho que fosse verificar. Seu filho pegou sua moto e
foi ate o local conferir (ida e volta 35Km). Incrível!!!!Muito gente boa e olha
que eu insisti que não era necessário.
O
próximo dia seria o último dia e já
estávamos lamentando.
7º DIA - PALMEIRAS A TIMBÓ DISTÂNCIA
TOTAL: 54 KM
ASCENSÃO TOTAL: 670 M
Café
da manhã tomado e começamos nosso último dia de pedal. Hoje tínhamos uma temida
subida longa e bem forte (segundo o guia a mais forte de todo o Circuito), na
localidade de Rio Cunha, após Cedro Alto.
Cama e café Vitorino |
amanhecer |
Sr.Vitorino e Dona Irene |
Logo depois encontramos a tão temida subida. Não teve jeito, tivemos que descer e empurrar. Ainda bem que saímos cedinho, então à temperatura amena ajudou muito. Em um terminado ponto da subida encontramos uma pequena bica de água que escorria pela rocha e foi à salvação deu para refrescar e seguir subindo. Foram apenas dois quilômetros, mas parecia uns 20Km.
subida do rio da Cunha ...forte!!!!!! |
Neste último dia, o percurso já volta a passar por locais mais habitados, mas ainda atravessa muitas matas, com riachos de águas cristalinas. Atravessamos a cidadezinha Benedito Novo, e seguimos a estrada acompanha o belo rio, também com mesmo nome, até alcançar o asfalto que liga Rodeio a Timbó, já a poucos quilômetros do ponto final do circuito.
O
final do pedal foi uma festa, chegamos ao restaurante Tapioka em Timbó,- o
ponto de partida, satisfeitos e encantados com a estrutura do Circuito.
Muito
bem planejado, rotas perfeitas, qualidade do solo. Tudo que um ciclista precisa está nesse circuito. Quisera ter
outros iguais, nos só temos que agradecer os idealizadores do projeto e a todos
os envolvidos na manutenção das trilhas e sinalizações. O
interior de Santa Catarina é um lugar apaixonante, as pessoas são civilizadas e
educadas, as cidades limpas, as casas bem cuidadas, praticamente todas com
jardim na frente e alguma fruta ou horta plantada. Dá vontade de morar lá!
Imperdível!! Amamos fazer o Circuito Vale Europeu juntos.
Ah !!!! a noite recebemos mesangem da Chris,Andrea e Edu,- Grupo de Campo Mourão - que tambem finalizaram com sucesso o percurso.
Dicas para percorrer o Vale Europeu de
bicicleta
site do Clubedecicloturismo
- Estude o roteiro antes de sair. No site www.circuitovaleeuropeu.com.br você pode ver o perfil altimétrico de cada dia e todas as outras informações.
- O circuito pode ser percorrido em qualquer época do ano, pois o regime de chuvas é bem distribuído. Porém, no inverno esteja preparado para um frio razoável na parte alta. Já no verão, é comum um forte calor na parte baixa.
- No início do circuito retire seu guia e a credencial oficial. Você deve carimbar nos hotéis, restaurantes e pontos turísticos para receber um certificado de conclusão no final. Esse documento não tem prazo de validade o que permite que você faça trechos em fins de semana ou feriados, por exemplo.
- A parte alta tem muito pouca estrutura, leve alimentos e água e esteja preparado, pois lá não aceitam cartões de crédito e quase não há pontos de sinal de celular. Faça as reservas com antecedência, pois algumas pousadas não abrem se não houver hóspedes.
- Não caia na tentação de juntar as etapas para fazer o circuito em três ou quatro dias. Isso é até possível se você tiver um condicionamento físico atlético, porém, a maioria das pessoas se arrepende já que acabam não aproveitando quase nada do que há no caminho.
e BOA VIAGEM!!!!!
Vera Marques,sou sobrinha da Andrea e do Edu.
ResponderExcluirPelas suas palavras me senti com vocês na pedalada.
Relato cheio de ternura e graciosidade com as palavras e com o caminho.
Lindas as fotos. Lindos lugares.
Linda tia Andrea e tio Edu.
Beijos
Obrigada Rita foi uma delícia poder usufruir da companhia do Grupo de Campo Mourão- como os apelidamos.Espero revê-los novamente. Bjs
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