PORQUE OS Montes Apeninos – (ITÁLIA) ????
Porque foi para lá que mais de 25 mil soldados da FEB foram enviados, quase todos de origem humilde e, em sua maioria, despreparados para o combate – e para o frio do rigoroso inverno europeu.( 2 Guerra Mundial).
Quando soube que o Clube de Cicloristusmo (www.clubedecicloturismo.com.br)estava organizando uma Expedição para lá, não tive dúvidas aderi na hora.
Poder conhecer um pouco melhor os lugares onde os brasileiros estiveram, as marcas e as memórias que eles deixaram , era uma oportunidade única. Uma viagem incrível!
foto - Walter Magalhães |
Nossa cicloviagem começou em Bolonha.
Uma cidade fácil de se achar, de se encantar. Um dos aspectos que mais surpreendem em Bologna é a harmonia entre o antigo e o novo, o jovem e o velho. A cidade tem história, arte, música, arquitetura, culinária e cultura.
Em Bolonha ficamos hospedados no
Albergo Orologio localizado ao lado da Piazza Maggiore. A principal praça da
cidade. Na praça ficam Fontana del Nettuno, símbolo de Bolonha construído em
1566, e uma série de belos palácios. Perfeita a localização!!! E como não bastasse, ainda fomos contemplados
com uma amostra itinerante do escultor Leonardo Lucchi, exposta em frente ao
hotel.
Escultura de Leonardo Lucchi |
Antes de iniciarmos nossa pedalada tivemos dois dias , para descobrir Bolonha. O Clube do Cicloturismo do Brasil organizou um passeio guiado fantástico. Juntamos o grupo e com a guia saímos para explorar a cidade.
Visitamos a Basílica di San Petronio - a maior igreja da cidade e a quinta maior basílica do mundo. Com aproximadamente 600 anos, a igreja é hoje parte do projeto original, pois o Vaticano não permitiu que ele fosse maior que a catedral de São Pedro, em Roma. Contém muitas belas pinturas, afrescos e esculturas.
Chegada ao Admiral Park Hotel. Apesar de não ser especializado no público
ciclista, ninguém olhou torto para as bicicletas. Indicaram o local onde elas
passariam a noite e não tivemos problemas (essa boa vontade com o ciclista é um
bom exemplo a ser seguido aqui no Brasil). Tudo resolvido, hora de relaxar e
aproveitar a piscina.
2 Dia
Rivabella a Montese - 50 km (1300m asc.).
Seguimos nossa viagem por uma estrada
que passa por bosques, vilarejos, campos, tudo bem tranquilo e com pouquíssimo
movimento de carros. Sempre dosando nosso ritmo, para não chegar nem muito cedo
nem muito tarde a nosso destino daquele dia, fomos parando para tirar fotos,
conversar e admirar a paisagem.
Distraídos com a beleza da paisagem nem percebemos que já estávamos no
topo dos Apeninos. Ao longe víamos o traçado da estrada, que ia serpenteando
entre as colinas e nos mostrando os lindos lugares que ainda iríamos conhecer
de perto. E um desses lugares foi a Vinícola La Tenuta Bonzara.
Vinícola La Tenuta Bonzara
Na vinícola fomos recebidos pelos
jovens irmãos Silvia e Ângelo que com a recente morte do pai, assumiram os
negócios da família. Muitos simpáticos, não pouparam esforços para nos dar uma
aula sobre vinho e a cultura das uvas. Depois de uma degustação, seguimos e
,como a tudo que desce, tivemos que subir, e não foi fácil.
Os irmãos Silvia e Ângelo
Depois da forte subida, nada como uma
parada na sombra de árvores para repor as energias e seguir em frente.
No final da tarde chegamos a Montese, uma
das cidades importantes onde os brasileiros lutaram. Foi a libertação dessa
cidade que iniciou a quebra da linha de defesa dos nazistas. A batalha foi
muito difícil com muitas perdas humanas.
Eles dão muito valor aos brasileiros
lá, demonstram uma gratidão eterna ao nosso povo.
Ficamos sabendo que isso se deve à
mistura de sacrifício e heroísmo protagonizada pelos Pracinhas (membros da
Força Expedicionária Brasileira) para libertar a cidade, mas principalmente
pela maneira como eles interagiam com a população. Diferente dos exércitos
americano e inglês, que também estavam combatendo na região, eles dividiam os
alimentos e remédios disponíveis com a população que estava nas piores condições
possíveis. Isso criou laços que duram até hoje e que podem ser vistos através
de monumentos que demonstram a gratidão aos brasileiros (praticamente não há
monumentos aos outros países). Fomos recebidos pelo prefeito da cidade Luciano
Mazza.
O Prefeito de Montesse Luciano Mazza
3 dia
Uma pedalada até o Monte Castelo
Monumento Alla Libertà, esculpido pelo
artista Italo Bortolotti em homenagem aos pracinhas brasileiros — foi um dos
muitos monumentos que vimos na região.
A simpática e tranquila cidade de
Montese foi nosso ponto de permanência por mais um dia. Hoje faríamos uma
pedalada ate o Monte Castelo, mas antes nos encontramos com Mário Pereira, filho
de um combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB), o único a permanecer
na Itália após o fim da Segunda Guerra Mundial e que se casou com uma italiana.
Mario cresceu ouvindo as histórias do
pai. Foram tantas que o menino se transformou em um adulto apaixonado por
aqueles soldados que vieram de longe para combater pela liberdade na Itália.
Hoje ele é guardião do Monumento Votivo Militar Brasileiro e se esforça muito
para preservar e divulgar a História. Ainda na praça falou com muita emoção
sobre a atuação do Brasil no combate.
Saímos de Montese e fomos contornando o monte, subindo,
subindo... cercados de árvores.Uma
paisagem de tirar o folego!
No alto do monte, o Mário nos esperava.
O Mário conhece cada palmo dessas
terras, cada pessoa que teve contato com a FEB. Ele mostrou, por exemplo, onde
ficava a última trincheira aliada, e como foi inconcebível tentar tomar as
posições alemãs com um ataque frontal...
Foi uma aula de história "in
loco". Neste lugar os soldados passaram muito frio e enfrentaram o duro
inverno italiano, com roupas emprestadas dos americanos. Emocionante! No relato
de Mário havia tanta paixão, que foi possível reviver a História.
Depois de muita emoção, fizemos uma pausa para um lanchinho antes de retornarmos a Montese.
De volta a Montese, fomos visitar o
Museo de Montese, onde o Mário nos contou mais histórias sobre a atuação dos
"Pracinhas" da FEB.
Inevitável não viajar no tempo e
imaginar os tempos difíceis que passaram nessa época. Hoje saímos daqui com
muito mais consciência do que foi a Segunda Guerra Mundial e da importância dos
brasileiros nas batalhas travadas nos Apeninos. Um dia muito especial pra todos
nós.
Museo de Montese
No Museu, foi possível subir na torre
do castelo e ter uma visão distante e incrível da área (motivo pelo qual foi um
dos pontos de observação privilegiados durante a II Guerra Mundial). É quase
impossível pensar que tantas batalhas sangrentas foram travadas neste cenário
que hoje transmite tanta paz.
4 dia
Montese a Poretta-Therme - 48 km (850m asc.)
Deixamos Montese ainda sensibilizados,
principalmente pela acolhida que tivemos.
Essa pequena e grande cidade ficará
guardada para sempre em nossas lembranças.
Perto de Montese, em Maserno, próximo
a uma pequena fazenda, há uma pedra com uma placa que marca o local onde Wolf
viveu seus últimos momentos.
Por causa do fogo inimigo, não foi
possível recuperar o corpo do sargento e depois, também não, porque os restos
mortais não estavam mais lá, um mistério que prevalece até hoje.
Nossa próxima parada foi no Caseifício
Dismano um pequeno laticínio da região onde vimos como é feito uma das delícias
da gastronomia italiana - o queijo Parmigiano-Reggiano. Fabricado no norte da
Itália, é um tipo de queijo considerado um dos mais antigos. Inventado pelos
Monges Beneditinos da Idade Média, sua receita original segue uma tradição de
oito séculos e é mantida por centenas de laticínios dessa região da Itália.
Continuamos nossa pedalada, desta vez
no caminho para o Monte Belvedere, outro ponto importante de resistência dos
nazistas; pela primeira vez, pegamos uma estradinha de terra com pedras,
buracos e uma inclinação mais forte. Atingir o topo não foi fácil, empurramos
em alguns trechos e pedalamos ziguezagueando em outros. É nessas horas que se
sente a carga na bicicleta. Ali foi o passo mais alto de todo o percurso.
Ultrapassamos um pouco a cota dos mil metros de altitude.
O que veio em seguida foi uma descida
indescritível. A paisagem se abriu e pudemos ver a estradinha sinuosa riscando
a montanha e adentrando o vale. Descemos lentamente prolongando cada momento,
curtindo cada curva, aproveitando a energia de cada metro descido.
Assim que atravessamos o monte
Belvedere, seguimos ao encontro de um
dos monumentos mais imponentes feito em homenagem aos pracinhas - o
Liberazione, projeto original da artista
Mary Vieira . A obra mede 7 metros de altura e 14 de largura. Um dos arcos
brancos, que aponta para a terra, simboliza a morte; o outro aponta para o céu,
isto é, "para a transcendência que essas mortes significaram".
Se no Brasil os pracinhas que
atravessaram o Oceano Atlântico para combater na Segunda Guerra Mundial não
raras vezes caem no esquecimento, a situação é diferente em território
italiano. No nosso percurso vimos vários monumentos que ajudam a preservar a
memória histórica coletiva para que a guerra não seja esquecida. Ao todo,
espalhados pela região, são mais de 30 monumentos destes, e o legal é que todos
foram feitos por iniciativa das próprias comunidades italianas.
Seguimos nossa pedalada com destino a
Porreta Termi.
Nosso pernoite foi em Porreta Termi,
uma cidade de águas termais.Ficamos hospedados no Hotel Helvetia Thermal Spa
com direito a relaxamento nas piscinas quentes . Antes do jantar, brindamos
nossa expedição com vinho e queijos.
5 dia
Poretta-Therme a Pistoia - 50 km (550m asc.)
Nossa saída de Porreta-Terme foi às
margens do rio Reno, por uma estrada que segue serpenteando o mesmo caminho do
rio, passando por pontes e viadutos.
Logo no começo, o nosso caminho se
alinhou ao Rio Reno e por ele seguimos muito tempo. Não o Rio Reno famoso, que
corta diversos países da Europa. Esse é um Reno menor, exclusivo italiano, que
divide a Emilia Romagna da Toscana.
A estrada é o que se pode chamar de um
caminho turístico, já que todo fluxo vai por outro lugar. Ela é uma subida
longa e suave. Mal percebemos o ganho de altitude. Apenas notamos que nosso
ritmo estava um pouco mais lento. Nós nos distraíamos olhando para baixo à
procura do rio e das pontes antigas da ferrovia, que também se aproveita do
baixo aclive desse vale.
Chegando próximo a Pistoia,
contornamos a cidade e fomos ao memorial da FEB. Ali foram enterrados os corpos
de soldados, mais de 400, que posteriormente foram levados ao Brasil. No local,
que é considerado solo brasileiro, há uma chama sempre acesa e uma parede com o
nome de todos os soldados. Encontramos o Mário Pereira, que mais uma vez nos
recebeu com carinho e nos mostrou cada canto do monumento com muito orgulho.
Mário nos contou que no mês de abril, quando se comemora a libertação das vilas
e cidades, não dá conta de atender a tantos pedidos de presença em festas
comemorativas.
Monumento Votivo Militar Brasileiro — projetado
para Olavo Redig de Campos, discípulo de Oscar Niemeyer.
O memorial nos faz refletir sobre toda
a nossa viagem e a história dos bravos pracinhas da FEB e suas atuações na
Segunda Guerra Mundial. Foi fantástico!!!!
Do memorial fomos para o centro de
Pistoia, onde pudemos sentar com calma na charmosa praça central e observar o
movimento, que era principalmente de pedestres e ciclistas. É gostoso de ver
pessoas de todos os tipos e idades usando a bicicleta, com certeza o veículo
mais democrático que já foi inventado.
Em Pistoia ficamos no Hotel Piccolo Ritz
6 dia
Pistoia a Florença – 55 km (340m asc.)
Nos despedimos de Pistoia e seguimos
em direção a Florença, capital da Toscana e berço do Renascimento italiano.
O último dia foi só alegria,
aproveitamos as imensas planícies da Toscana, e os pedais giraram com
facilidade.
Acompanhamos por bastante tempo um rio caudaloso de águas claras, até chegarmos a uma área verde já vizinha à cidade.
Adentramos um parque urbano e, sem que tivéssemos contato com trânsito nem avenidas, chegamos ao centro de Florença.
A chegada a Florença coroou nossa
pedalada. A capital da Toscana é considerada uma das cidades mais belas do
mundo e o berço do Renascimento Italiano. Estamos radiantes, felizes com o
objetivo alcançado.Chegamos ao Hotel ,mas tínhamos ainda um tour guiado pela
cidade, organizado pelo Clube de Cicloturismo do Brasil. Então deixamos nossas
bagagens e seguimos para explorar a cidade.
Florença tem uma beleza clássica
estonteante. Todas as atrações ficam concentradas no centro antigo. Foi
possível visitar: Catedral de Santa Maria del Fiore, Piazza della
Signoria,Palazzo Vecchio, a Ponte Vecchio e também o mercado central.
Com vários séculos de existência (a
construção começou em 1296), a Catedral da cidade tem uma belíssima fachada em
mármores de várias cores, além de portões de bronze, adornados com mosaicos que
retratam cenas da vida de Maria, mãe de Jesus.
A Piazza della Signoria e o Palazzo
Vecchio estiveram no centro da vida política e social da cidade durante anos!
As estátuas da Piazza (a maioria são cópias) relatam os principais
acontecimentos históricos de Florença.
É um dos símbolos de Florença, a única
poupada pelos alemães durante o bombardeio na retirada em 1944, durante a
Segunda Guerra Mundial.
E foi em Florença que nossa expedição
terminou...
Foram seis dias de viagem e cerca de
250 quilômetros pedalados, usufruindo da gastronomia regional, das maravilhosas
paisagens, da tranquilidade das estradas, mas também conhecendo mais sobre a
história que envolve os dois países. Perfeito!!!!!!!!!!!!!!!!!
Uma das coisas que aprendemos nessa
viagem é que ouvir as histórias da boca de quem as viveu ou esteve muito
próximo delas é bem diferente de ler em livros. Sabemos que toda história tem
suas versões. Por isso ouvir a versão de quem esteve lá é fundamental. Muita
coisa foi escondida intencionalmente por questões políticas e até hoje ficou
esquecida para nós brasileiros. Mas essa história ainda é muito viva lá.
Viajar de bicicleta nos faz pensar
muito, sempre. O pedal ritmado, os movimentos constantes nos permitem uma
grande concentração nos pensamentos. Nessa viagem especificamente tivemos muito
assunto para refletir enquanto pedalávamos.
Nossa expedição foi organizada pelo Clube de Clicloturismo do Brasil que
tem como objetivos: a difusão do cicloturismo, servir de
fonte de inspiração e orientação para pessoas que pretendem fazer sua viagem de
bicicleta.
Chegada ao Admiral Park Hotel. Apesar de não ser especializado no público
ciclista, ninguém olhou torto para as bicicletas. Indicaram o local onde elas
passariam a noite e não tivemos problemas (essa boa vontade com o ciclista é um
bom exemplo a ser seguido aqui no Brasil). Tudo resolvido, hora de relaxar e
aproveitar a piscina.
2 Dia
Rivabella a Montese - 50 km (1300m asc.).
Seguimos nossa viagem por uma estrada
que passa por bosques, vilarejos, campos, tudo bem tranquilo e com pouquíssimo
movimento de carros. Sempre dosando nosso ritmo, para não chegar nem muito cedo
nem muito tarde a nosso destino daquele dia, fomos parando para tirar fotos,
conversar e admirar a paisagem.
Distraídos com a beleza da paisagem nem percebemos que já estávamos no
topo dos Apeninos. Ao longe víamos o traçado da estrada, que ia serpenteando
entre as colinas e nos mostrando os lindos lugares que ainda iríamos conhecer
de perto. E um desses lugares foi a Vinícola La Tenuta Bonzara.
Vinícola La Tenuta Bonzara |
Na vinícola fomos recebidos pelos
jovens irmãos Silvia e Ângelo que com a recente morte do pai, assumiram os
negócios da família. Muitos simpáticos, não pouparam esforços para nos dar uma
aula sobre vinho e a cultura das uvas. Depois de uma degustação, seguimos e
,como a tudo que desce, tivemos que subir, e não foi fácil.
Os irmãos Silvia e Ângelo |
Depois da forte subida, nada como uma
parada na sombra de árvores para repor as energias e seguir em frente.
No final da tarde chegamos a Montese, uma
das cidades importantes onde os brasileiros lutaram. Foi a libertação dessa
cidade que iniciou a quebra da linha de defesa dos nazistas. A batalha foi
muito difícil com muitas perdas humanas.
Eles dão muito valor aos brasileiros
lá, demonstram uma gratidão eterna ao nosso povo.
Ficamos sabendo que isso se deve à
mistura de sacrifício e heroísmo protagonizada pelos Pracinhas (membros da
Força Expedicionária Brasileira) para libertar a cidade, mas principalmente
pela maneira como eles interagiam com a população. Diferente dos exércitos
americano e inglês, que também estavam combatendo na região, eles dividiam os
alimentos e remédios disponíveis com a população que estava nas piores condições
possíveis. Isso criou laços que duram até hoje e que podem ser vistos através
de monumentos que demonstram a gratidão aos brasileiros (praticamente não há
monumentos aos outros países). Fomos recebidos pelo prefeito da cidade Luciano
Mazza.
O Prefeito de Montesse Luciano Mazza |
3 dia
Uma pedalada até o Monte Castelo
Monumento Alla Libertà, esculpido pelo
artista Italo Bortolotti em homenagem aos pracinhas brasileiros — foi um dos
muitos monumentos que vimos na região.
A simpática e tranquila cidade de
Montese foi nosso ponto de permanência por mais um dia. Hoje faríamos uma
pedalada ate o Monte Castelo, mas antes nos encontramos com Mário Pereira, filho
de um combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB), o único a permanecer
na Itália após o fim da Segunda Guerra Mundial e que se casou com uma italiana.
Mario cresceu ouvindo as histórias do
pai. Foram tantas que o menino se transformou em um adulto apaixonado por
aqueles soldados que vieram de longe para combater pela liberdade na Itália.
Hoje ele é guardião do Monumento Votivo Militar Brasileiro e se esforça muito
para preservar e divulgar a História. Ainda na praça falou com muita emoção
sobre a atuação do Brasil no combate.
Saímos de Montese e fomos contornando o monte, subindo,
subindo... cercados de árvores.Uma
paisagem de tirar o folego!
No alto do monte, o Mário nos esperava.
O Mário conhece cada palmo dessas
terras, cada pessoa que teve contato com a FEB. Ele mostrou, por exemplo, onde
ficava a última trincheira aliada, e como foi inconcebível tentar tomar as
posições alemãs com um ataque frontal...
Foi uma aula de história "in
loco". Neste lugar os soldados passaram muito frio e enfrentaram o duro
inverno italiano, com roupas emprestadas dos americanos. Emocionante! No relato
de Mário havia tanta paixão, que foi possível reviver a História.
Depois de muita emoção, fizemos uma pausa para um lanchinho antes de retornarmos a Montese.
De volta a Montese, fomos visitar o
Museo de Montese, onde o Mário nos contou mais histórias sobre a atuação dos
"Pracinhas" da FEB.
Inevitável não viajar no tempo e
imaginar os tempos difíceis que passaram nessa época. Hoje saímos daqui com
muito mais consciência do que foi a Segunda Guerra Mundial e da importância dos
brasileiros nas batalhas travadas nos Apeninos. Um dia muito especial pra todos
nós.
Museo de Montese |
No Museu, foi possível subir na torre
do castelo e ter uma visão distante e incrível da área (motivo pelo qual foi um
dos pontos de observação privilegiados durante a II Guerra Mundial). É quase
impossível pensar que tantas batalhas sangrentas foram travadas neste cenário
que hoje transmite tanta paz.
4 dia
Montese a Poretta-Therme - 48 km (850m asc.)
Deixamos Montese ainda sensibilizados,
principalmente pela acolhida que tivemos.
Essa pequena e grande cidade ficará
guardada para sempre em nossas lembranças.
Perto de Montese, em Maserno, próximo
a uma pequena fazenda, há uma pedra com uma placa que marca o local onde Wolf
viveu seus últimos momentos.
Por causa do fogo inimigo, não foi
possível recuperar o corpo do sargento e depois, também não, porque os restos
mortais não estavam mais lá, um mistério que prevalece até hoje.
Nossa próxima parada foi no Caseifício
Dismano um pequeno laticínio da região onde vimos como é feito uma das delícias
da gastronomia italiana - o queijo Parmigiano-Reggiano. Fabricado no norte da
Itália, é um tipo de queijo considerado um dos mais antigos. Inventado pelos
Monges Beneditinos da Idade Média, sua receita original segue uma tradição de
oito séculos e é mantida por centenas de laticínios dessa região da Itália.
Continuamos nossa pedalada, desta vez
no caminho para o Monte Belvedere, outro ponto importante de resistência dos
nazistas; pela primeira vez, pegamos uma estradinha de terra com pedras,
buracos e uma inclinação mais forte. Atingir o topo não foi fácil, empurramos
em alguns trechos e pedalamos ziguezagueando em outros. É nessas horas que se
sente a carga na bicicleta. Ali foi o passo mais alto de todo o percurso.
Ultrapassamos um pouco a cota dos mil metros de altitude.
O que veio em seguida foi uma descida
indescritível. A paisagem se abriu e pudemos ver a estradinha sinuosa riscando
a montanha e adentrando o vale. Descemos lentamente prolongando cada momento,
curtindo cada curva, aproveitando a energia de cada metro descido.
Assim que atravessamos o monte
Belvedere, seguimos ao encontro de um
dos monumentos mais imponentes feito em homenagem aos pracinhas - o
Liberazione, projeto original da artista
Mary Vieira . A obra mede 7 metros de altura e 14 de largura. Um dos arcos
brancos, que aponta para a terra, simboliza a morte; o outro aponta para o céu,
isto é, "para a transcendência que essas mortes significaram".
Se no Brasil os pracinhas que
atravessaram o Oceano Atlântico para combater na Segunda Guerra Mundial não
raras vezes caem no esquecimento, a situação é diferente em território
italiano. No nosso percurso vimos vários monumentos que ajudam a preservar a
memória histórica coletiva para que a guerra não seja esquecida. Ao todo,
espalhados pela região, são mais de 30 monumentos destes, e o legal é que todos
foram feitos por iniciativa das próprias comunidades italianas.
Seguimos nossa pedalada com destino a
Porreta Termi.
Nosso pernoite foi em Porreta Termi,
uma cidade de águas termais.Ficamos hospedados no Hotel Helvetia Thermal Spa
com direito a relaxamento nas piscinas quentes . Antes do jantar, brindamos
nossa expedição com vinho e queijos.
5 dia
Poretta-Therme a Pistoia - 50 km (550m asc.)
Nossa saída de Porreta-Terme foi às
margens do rio Reno, por uma estrada que segue serpenteando o mesmo caminho do
rio, passando por pontes e viadutos.
Logo no começo, o nosso caminho se
alinhou ao Rio Reno e por ele seguimos muito tempo. Não o Rio Reno famoso, que
corta diversos países da Europa. Esse é um Reno menor, exclusivo italiano, que
divide a Emilia Romagna da Toscana.
A estrada é o que se pode chamar de um
caminho turístico, já que todo fluxo vai por outro lugar. Ela é uma subida
longa e suave. Mal percebemos o ganho de altitude. Apenas notamos que nosso
ritmo estava um pouco mais lento. Nós nos distraíamos olhando para baixo à
procura do rio e das pontes antigas da ferrovia, que também se aproveita do
baixo aclive desse vale.
Chegando próximo a Pistoia, contornamos a cidade e fomos ao memorial da FEB. Ali foram enterrados os corpos de soldados, mais de 400, que posteriormente foram levados ao Brasil. No local, que é considerado solo brasileiro, há uma chama sempre acesa e uma parede com o nome de todos os soldados. Encontramos o Mário Pereira, que mais uma vez nos recebeu com carinho e nos mostrou cada canto do monumento com muito orgulho. Mário nos contou que no mês de abril, quando se comemora a libertação das vilas e cidades, não dá conta de atender a tantos pedidos de presença em festas comemorativas.
Monumento Votivo Militar Brasileiro — projetado
para Olavo Redig de Campos, discípulo de Oscar Niemeyer.
|
O memorial nos faz refletir sobre toda
a nossa viagem e a história dos bravos pracinhas da FEB e suas atuações na
Segunda Guerra Mundial. Foi fantástico!!!!
Do memorial fomos para o centro de
Pistoia, onde pudemos sentar com calma na charmosa praça central e observar o
movimento, que era principalmente de pedestres e ciclistas. É gostoso de ver
pessoas de todos os tipos e idades usando a bicicleta, com certeza o veículo
mais democrático que já foi inventado.
Em Pistoia ficamos no Hotel Piccolo Ritz
6 dia
Pistoia a Florença – 55 km (340m asc.)
Nos despedimos de Pistoia e seguimos
em direção a Florença, capital da Toscana e berço do Renascimento italiano.
O último dia foi só alegria,
aproveitamos as imensas planícies da Toscana, e os pedais giraram com
facilidade.
Acompanhamos por bastante tempo um rio caudaloso de águas claras, até chegarmos a uma área verde já vizinha à cidade.
Adentramos um parque urbano e, sem que tivéssemos contato com trânsito nem avenidas, chegamos ao centro de Florença.
A chegada a Florença coroou nossa
pedalada. A capital da Toscana é considerada uma das cidades mais belas do
mundo e o berço do Renascimento Italiano. Estamos radiantes, felizes com o
objetivo alcançado.Chegamos ao Hotel ,mas tínhamos ainda um tour guiado pela
cidade, organizado pelo Clube de Cicloturismo do Brasil. Então deixamos nossas
bagagens e seguimos para explorar a cidade.
Com vários séculos de existência (a
construção começou em 1296), a Catedral da cidade tem uma belíssima fachada em
mármores de várias cores, além de portões de bronze, adornados com mosaicos que
retratam cenas da vida de Maria, mãe de Jesus.
A Piazza della Signoria e o Palazzo
Vecchio estiveram no centro da vida política e social da cidade durante anos!
As estátuas da Piazza (a maioria são cópias) relatam os principais
acontecimentos históricos de Florença.
É um dos símbolos de Florença, a única
poupada pelos alemães durante o bombardeio na retirada em 1944, durante a
Segunda Guerra Mundial.
E foi em Florença que nossa expedição
terminou...
Foram seis dias de viagem e cerca de
250 quilômetros pedalados, usufruindo da gastronomia regional, das maravilhosas
paisagens, da tranquilidade das estradas, mas também conhecendo mais sobre a
história que envolve os dois países. Perfeito!!!!!!!!!!!!!!!!!
Uma das coisas que aprendemos nessa
viagem é que ouvir as histórias da boca de quem as viveu ou esteve muito
próximo delas é bem diferente de ler em livros. Sabemos que toda história tem
suas versões. Por isso ouvir a versão de quem esteve lá é fundamental. Muita
coisa foi escondida intencionalmente por questões políticas e até hoje ficou
esquecida para nós brasileiros. Mas essa história ainda é muito viva lá.
Viajar de bicicleta nos faz pensar
muito, sempre. O pedal ritmado, os movimentos constantes nos permitem uma
grande concentração nos pensamentos. Nessa viagem especificamente tivemos muito
assunto para refletir enquanto pedalávamos.
Nossa expedição foi organizada pelo Clube de Clicloturismo do Brasil que
tem como objetivos: a difusão do cicloturismo, servir de
fonte de inspiração e orientação para pessoas que pretendem fazer sua viagem de
bicicleta.
Vera, Adorei! Obrigada por compartilhar mais essa experiência linda. Quero me organizar e ir lá ver tudo de perto. 😘
ResponderExcluirVera, Adorei! Obrigada por compartilhar mais essa experiência linda. Quero me organizar e ir lá ver tudo de perto. 😘
ResponderExcluirRealmente foi uma experiencia e tanto!!!!Obrigada
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